
conceito do senso comum: a palavra tem em linguagem quotidiana diferentes significados, muitas vezes distintos do significado médico;
conceito jurídico: doenças dão a seus portadores determinados direitos (ex. não ir ao trabalho) e implica deveres para várias instituições (seguros de saúde, previdência social, empregador…);
conceito social: ser "doente" implica um determinado papel social que provoca em outras pessoas compaixão, atenção, apoio; além disso certos tipos de comportamento geralmente indesejáveis são aceitos (resmungar, não participar de atividades sociais…);
conceito acional (Handlungsbegriff): o ter uma doença conduz a um determinado tipo de comportamento e a determinadas ações (procurar um médico, tratamento…);
conceito profissional: a classificação de um fenômeno como doença implica que somente algumas classes profissionais podem realizar seu tratamento;
conceito antropológico: doença é uma forma de experiência humana como a felicidade, tristeza, luto, morte.
[editar] Conceito médico
Por ter tantos usos e significados diferentes faz-se necessária uma definição pelo uso científico do termo. O conceito de doença compõem-se, segundo Häfner (1981, 1983, de dois componentes: 1. o distúrbio de funções, grupos de funções ou de sistemas interpessoais e 2. o estado não é proposital - "doença" implica incapacidade. Além disso ele é formado em diferentes níveis: (a) a manifestação e (b) o desenvolvimento da doença, que caracterizam o "estar doente" (Kranksein); o conhecimento (c) dos órgãos afetados e (d) e do contexto patológico, de forma a se compreender como os primeiros três níveis se influenciam mutuamente; e pro fim (e) o conhecimento das causas de (c). Somente quando todos esses níveis são conhecidos pode-se falar de nosologia.
[editar] Conceito bio-psicossocial
O conceito de doença descrito acima é o chamado "conceito médico". Ele localiza a doença dentro do indivíduo e a define como um fenômeno isolado, com causas biológicas e muitas vezes a ser tratado com medicamentos. Críticas contra esse conceito foram levantadas por várias ciências sociais (sociologia, antropologia, ciências da saúde, psicologia da reabilitação, etc.): uma doença não influencia somente o indivíduo, mas todas as pessoas que estão em contato com ele (família, amigos…); além disso ela tem não apenas consequências biológicas, mas sociais (isolamento, preconceito, etiquetação, etc.) e provocam muitas vezes mudanças no sistema social. Por isso se fala hoje de um conceito bio-psico-social, ou seja uma doença deve ser vista sob diferentes pontos de vista, de acordo com os diferentes fatores que a influenciam:
fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral, o funcionamento do organismo e o metabolismo, etc.;
fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, modelos de papéis sociais, etc.
A literatura sobre sociologia médica em língua inglesa costuma diferenciar esses diferentes aspectos da doença com o uso de três termos distintos (que no inglês quotidiano são usadas como sinônimos):
disease é a parte médica e técnica;
illness refere-se à experiência pessoal da pessoa doente e
sickness refere-se ao aspecto social e relacional da doença.

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